Publicado em 04/12/2023 às 14:10,
Lula disse vai continuar os esforços pelo pacto enquanto não conversar com todos os presidentes e "ouvir o não de todos"
O presidente Lula disse nesta segunda-feira (04) que vai lutar pela finalização do acordo entre Mercosul e União Europeia. Ele brincou ao dizer que é brasileiro e que, por isso, não desiste nunca. A declaração foi dada ao lado do chanceler alemão Olaf Scholz em Berlim. Essa foi a primeira cúpula entre os dois países em oitos anos.
“Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo, eu vou lutar para fazer porque depois de 23 anos se a gente não concluiu o acordo é porque eu penso que nós estamos sendo irrazoáveis”, disse Lula durante a coletiva de imprensa.
Lula disse vai continuar os esforços pelo pacto enquanto não conversar com todos os presidentes e “ouvir o não de todos”. O presidente afirmou que respeita a posição dos franceses após Emmanuel Macron dizer que é contra a finalização do acordo. Lula propôs que Olaf Scholz conversasse com o líder francês para que Macron mudasse de posição.
Olaf Scholz demonstrou apoio à parceria. “O Brasil e Alemanha celebram o acordo União Europeia-Mercosul.”
Lula disse que discutiu com o chanceler “os esforços que estamos fazendo para concluir o acordo Mercosul-União Europeia”.
“Num contexto de fragmentação geopolítica, a aproximação das nossas regiões é central para a construção de um mundo multipolar e o fortalecimento do multilateralismo”, disse.
Novas críticas à ONU
Na mesma fala à imprensa, Lula afirmou que “a ONU não está cumprindo seu papel histórico” após o encontro com Olaf Scholz, nesta segunda-feira (4) em Berlim, na Alemanha.
“Os conflitos que estamos vendo na Rússia e Ucrânia. Os conflitos que estamos vendo entre Israel e Faixa de Gaza, não é nada mais, nada menos que a irracionalidade do ser humano. E quero dizer que tudo isso acontece porque a ONU não está cumprindo com o papel histórico para o qual ela foi criada”, afirmou.
Lula disse ainda que os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são grandes produtores de armas e deveriam “zelar pela paz” em vez de vetar resoluções.
Em seu discurso, o chanceler alemão Olaf Scholz ressaltou que Israel foi vítima de um ataque, mas que o “sofrimento da população de Gaza nos afeta.” Ele defendeu uma ajuda humanitária duradoura, e citou também a guerra da Rússia contra a Ucrânia.
“A Rússia viola princípios da carta das Nações Unidas e viola o Direito Internacional”
Acordos entre Brasil e Alemanha
Nesta segunda-feira (4), foram firmados uma série de acordos entre os dois países envolvendo o meio ambiente, mudança do clima, agricultura, bioeconomia, energia, saúde, ciência, tecnologia e inovação.
O chanceler da Alemanha disse que Brasil e Alemanha militam pela proteção da natureza e das florestas.
“Nós lutamos, sobretudo, em prol da sustentabilidade, e lutamos pela descarbonização da nossa indústria.”
Ele afirmou ainda que os países vão promover pesquisas climáticas e pretendem lançar projetos juntos para zerar o desmatamento no Brasil até 2030, como afirmou o presidente Lula na COP28.
“Essa transformação só será bem-sucedida se for socialmente justa. Para isso, temos que criar empregos in loco”, completou o chanceler.
O presidente Lula disse que a preocupação é, justamente, que a transformação ecológica seja também socialmente justa.
“Queremos atuar juntos na promoção da industrialização verde, agricultura de baixo carbono e a bioeconomia.”
Ele citou também a falta de comprometimento de lideranças mundiais para cumprir acordos, incluindo, os da COP, que envolvem o meio ambiente.
“Eu espero que as decisões de Dubai sejam assumidas porque senão, nós estamos brincando de enganar o planeta terra. E o planeta terra está dizendo não brinquem comigo.”
Ataques de 8 de janeiro
O presidente e o chanceler Olaf Scholz afirmaram também que conversaram sobre os ataques de 8 de janeiro, em Brasília.
Scholz ressaltou a importância da democracia e disse que eles irão “combater a desinformação e campanhas de ódios nas redes sociais.”
Em seu discurso, Lula afirmou: “concordamos em atuar juntos no enfrentamento das forças antidemocráticas.”
Fonte: CNN