A Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (DECON) prendeu na manhã desta segunda-feira (8), na BR 163, em Campo Grande (MS), um homem, de 56 anos, suspeito de fabricar e vender mel fraudado com potencial cancerígeno.
Durante a fiscalização, em conjunto com a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), foram encontrados 126 frascos contendo produto semelhante a mel, sem as devidas especificações legais e 334 rótulos falsos.
Para a polícia, o suspeito contou que entregaria as mercadorias para revenda, em uma transportadora com o destino a Rondonópolis (MT). O homem confessou que há 20 anos fabrica o produto com açúcar, água, saborizante e ácido cítrico, vendendo cada litro de mel nos comércios pelo valor de R$ 20, sendo o seu custo de produção em torno de R$ 3.
Ainda de acordo com a polícia, o suspeito era investigado pela DECON em razão da comercialização e adulteração de mel, sendo certo que seus produtos já tinham sido apreendidos anteriormente em Dourados e em outras cidades de Mato Grosso do Sul, pela Secretaria Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor (Procon) e Iagro.
Conforme o relatório técnico da Iagro, tais produtos utilizados na fabricação eram “fraudados intencionalmente por adulteração e impróprios para o consumo humano”, podendo prejudicar o fígado, os rins e o sistema nervoso central dos consumidores, além de apresentar um potencial efeito cancerígeno.
Análise técnica
Com base nas análises laboratoriais, o mel foi fraudado intencionalmente apresentando altos valores de hidroximetilfurfural (HMF).
"O mel pode existir tanto em estado líquido quanto em estado cristalizado (ou cremoso). Quando o mel cristaliza, os produtores e centros de processamento tendem a aquecê-lo para retorná-lo à sua forma líquida, facilitando assim os procedimentos de beneficiamento. O HMF é produto de uma reação e, portanto, sua quantidade certamente aumentará quando o mel for submetido a um aquecimento prolongado. O aquecimento do mel deve ser cuidadosamente controlado, respeitando a relação tempo x temperatura, se essa relação não for observada, haverá um aumento de HMF como resultado de um processamento inadequado", explica o Iagro.
No produto que seria comercializado foi encontrado a quantidade 430 mg, quando a referência é de, no máximo 60mg. Ou seja, um resultado extremamente alto, que sugere que o produto foi aquecido para facilitar a diluição de outros produtos adicionados durante o processo de fabricação, resultando na detecção das fraudes.
Fonte: g1