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"Tirei a vida do meu filho e quero pagar", diz mãe no banco dos réus

Rosely Henrique responde por homicídio qualificado pela morte do filho de 17 anos, em julho de 2024

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Divulgação

Rosely Henrique, de 44 anos, está sendo julgada nesta quarta-feira (7) por ter matado o próprio filho, de 17 anos, no dia 21 de julho de 2024, na porta de casa, no Jardim Centro Oeste. "Eu creio que a Justiça vai me condenar. Sei que eu tirei a vida do meu filho e quero pagar. A maior prisão é ter perdido ele e saber que nunca mais vou vê-lo", disse a ré durante depoimento no plenário do Tribunal do Júri de Campo Grande. Ela é acusada de homicídio qualificado por motivo torpe. 

Apenas uma testemunha foi convocada a depor neste julgamento. A delegada Anne Karine Sanches Trevizan Duarte, titular da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), afirmou que Rosely não criou os 13 filhos que tem. "Ela não tinha relacionamento e não gostava de ficar com eles. É uma mãe realmente muito fria. Durante a investigação, testemunhas confirmaram que ela estava brigando com o marido, o filho defendeu o padrasto e ela acabou o esfaqueando".

Rosely Henrique apresentou outra versão dos fatos. Ela confirma que brigou com o ex-marido naquele dia, mas alega que o filho chegou cerca de 30 minutos após a discussão. "Ele não entrou no meio [da briga], só chegou depois. Ele estava com um amigo usando cocaína na frente da minha casa. Eu e meu filho discutimos porque ele me cobrou dinheiro para comprar mais droga. Eu falei que não tinha e ele começou a me xingar", relata a ré.

A acusada afirma que estava sob efeito de drogas ao cometer o crime e, por isso, não percebeu a gravidade dos fatos. "Eu elevei a mão direita para abrir o portão e a faca estava na mão esquerda. Ele começou a gritar falando que me odiava, com uma mão eu abri e com a outra eu desferi o golpe. Ele vinha atrás de mim, não olhei para para ver, nem vi onde atingiu", confessa Rosely Henrique.

Após relatar o crime, Rosely concluiu dizendo que não teve intenção de matar o filho e que está longe das drogas desde aquele dia. "Nunca passou pela minha cabeça tirar a vida dele. Desde que entrei no presídio não fiz mais uso de entorpecente. Pode ser tarde, mas não quero mais saber de droga. Foi a droga que tirou meu filho", disse chorando.

O júri de hoje é presidido pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos. Na acusação, atua o Promotor de Justiça Felipe Blos Orsi. Quem representa a defesa é Rodrigo Antonio Stochiero Silva, defensor público. Ainda hoje, os jurados devem tomar uma decisão pela condenação ou absolvição da acusada.

Desde o dia 28 de maio, Rosely Henrique teve a prisão preventiva convertida em internação provisória, em uma clínica para recuperação de dependentes químicos de Campo Grande. Ela foi considerada semi-imputável, ou seja, não tem plena capacidade de entender a ilicitude da sua ação. Conforme laudo, assinado pelo médico psiquiatra Rodrigo Ferreira Abdo, Rosely sofre de transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas - síndrome da dependência.

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