A guerra em Israel e na Faixa de Gaza pode empurrar o planeta para uma situação não vivida há décadas: um duplo choque na oferta de commodities gerado pelos conflitos no Oriente Médio e, ao mesmo tempo, na Ucrânia.
O alerta foi feito pelo Banco Mundial, que menciona o risco de o barril do petróleo atingir US$ 150 (R$ 759,39).
Nesta terça, o barril do tipo Brent – principal referência para o Brasil – é negociado na casa dos US$ 88 (R$ 445,51). Já o tipo WTI – referência dos EUA – vale US$ 83 (R$ 420,20).
No relatório Commodity Market Outlook, economistas da instituição alertam para os riscos potenciais da guerra em Israel.
O documento reconhece que, até agora, o impacto na oferta de matérias-primas tem sido limitado, mas uma eventual escalada da guerra mudaria totalmente o quadro.
A instituição traçou três cenários. O pior deles é o de “grande perturbação”. Nesse caso, economistas projetaram impacto comparável ao embargo dos produtores árabes de petróleo aos países aliados de Israel em 1973.
“O fornecimento global de petróleo diminuiria entre 6 milhões e 8 milhões de barris por dia. Isso faria com que os preços subissem inicialmente entre 56% e 75% – para valor entre US$ 140 (R$ 708,76) e US$ 157 (R$ 794,83) por barril”, cita o documento.
“O mais recente conflito no Oriente Médio surge na sequência do maior choque nos mercados de commodities desde a década de 1970, gerado pela guerra da Rússia com a Ucrânia”, disse Indermit Gill, economista-chefe do Banco Mundial.
“Se o conflito se intensificasse, a economia global enfrentaria um duplo choque energético pela primeira vez em décadas. Não apenas devido à guerra na Ucrânia, mas também no Oriente Médio.”
Inflação de alimentos
Para além do valor dos combustíveis, o documento chama atenção para o impacto nos alimentos – que também sofreriam com a alta dos preços.
“Se um grave choque nos preços do petróleo se materializar, aumentaria a inflação dos preços dos alimentos, que já foi elevada em muitos países em desenvolvimento. No fim de 2022, mais de 700 milhões de pessoas – quase um décimo da população mundial – estavam subnutridas”, alerta Ayhan Kose, economista-chefe adjunto do Banco Mundial.
“Uma escalada do último conflito intensificaria a insegurança alimentar, não só na região, mas também em todo o mundo.”
Os outros cenários de ampliação da guerra trariam alta dos preços, mas menos intensa.
Em caso de “perturbação média” – comparável à guerra do Iraque em 2003 – a queda da oferta seria de 3 milhões a 5 milhões de barris por dia, o que levaria o barril para intervalo entre US$ 109 (R$ 551,82) e US$ 121 (R$ 612,57). A estimativa indica alta entre 12% e 35% ante os preços atuais.
Já em cenário de “pequena perturbação”, a oferta poderia ser diminuída em até 2 milhões de barris diárias – comparável ao impacto da guerra civil da Líbia em 2011. Neste cenário, o preço do petróleo aumentaria entre 3 % e 13%, para uma faixa entre US$ 93 (R$ 470,82) e US$ 102 (R$ 516,39) por barril.
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