No Centro-Oeste do Brasil, o conhecimento ancestral dos quilombolas está ajudando a combater o incêndio no Pantanal.
Do alto, um Pantanal cinza e cheio de fumaça. Uma região do Rio Paraguai Mirim não tem estradas, fica mais ou menos a 40 km ao norte de Corumbá. Lá, o combate ao fogo ganhou reforço de brigadistas quilombolas Kalungas. Eles são da região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Historicamente, estão acostumados com o fogo no Cerrado.
“Meus avós, eles sempre fizeram a roça de toco. E eles faziam a prevenção para que o fogo não saísse descontrolado. Com isso, a gente já cresce adaptado. Quando entrei na brigada, isso foi mais uma continuidade e uma experiência, porque esse contato com o fogo eu já vinha com ele desde os meus ancestrais”, conta Pedro Henrique Aquino, chefe de brigada.
A preocupação não é só com o fogo que atinge a vegetação, mas, também, com o chamado “fogo subterrâneo”, que é alimentado por um solo com muito material orgânico. Restos de folhas, por exemplo. E isso colabora para que as chamas continuem se espalhando pelo bioma.
A técnica para combater esse tipo de fogo é ancestral. Com enxadas e sopradores, os brigadistas abrem um corredor, retirando o material orgânico.
De janeiro até junho de 2024, mais de 700 mil hectares já foram queimados em todo o Pantanal.
“A gente sente uma dor muito grande em saber que está tudo sendo devastado. Como os animais, os pássaros... A gente sente muita dor por isso. Mas, por isso, estamos aqui, preparados para salvar a natureza”, diz o brigadista Guilherme Pereira.
Fonte: g1