Com 15 feridos, entre policiais militares e indígenas, na MS-156, entre Itaporã e Dourados, onde ocorre um conflito há pelo menos três dias, o Governo do Estado reafirmou a construção de dois poços nas aldeias Bororó e Jaguapiru, na tarde desta quarta-feira (27). A obra já estava em tratativa antes do início do protesto, mas ainda assim os indígenas devem manter o bloqueio na rodovia.
O conflito ocorre após a população indígena bloquear a rodovia, em protesto pela falta de água potável nas aldeias, pedindo pela construção de quatro poços e caminhões-pipa. Pela manhã, policiais do Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar) foram para o local para tentar fazer o desbloqueio, mas não houve acordo.
Já na tarde desta quarta (27), foi realizada uma reunião entre as lideranças indígenas e o Coronel Samuel Castilho Aragão, comandante do 3º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Dourados. Na ocasião, o militar ressaltou o compromisso firmado pelo Governo Estadual.
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, durante a reunião, o Coronel pediu uma interlocução entre as lideranças e a comunidade, para o desbloqueio da MS-156 até as 17h30 desta quarta (26). No entanto, as lideranças decidiram manter o protesto, até que tenham a garantia oficial da água potável
Governo se compromete a garantir água
Ao Midiamax foi confirmado que uma reunião foi marcada para a manhã desta quinta-feira (27), no MPF (Ministério Público Federal) em Dourados. Na ocasião, estarão presentes a secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza da Silva, além de representantes da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e representantes do MPF.
A princípio, o Governo Estadual já estaria mediando o abastecimento da água nas aldeias. A proposta era de fornecimento de 6 caminhões-pipa por dia, para abastecerem as caixas d’água da comunidade, além da construção dos poços.
Por isso, o compromisso foi reafirmado e a secretária deve visitar e conversar com as lideranças já na quinta-feira (28).
Ainda na tarde desta quarta (27), durante a reunião com o Comandante do 3º BPM de Dourados, esteve presente um representante da Comissão de Direitos Humanos, da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Mato Grosso do Sul), Cleber Paulino de Castro.
Em seguida, militares foram até a rodovia, onde conversam com lideranças indígenas para alinhar o compromisso firmado e tentar um desbloqueio da MS-156. A reportagem apurou no local que uma série de exigências foram feitas às autoridades para que o pedido dos indígenas sejam concretizados e, assim, a pista liberada.
Durante a tentativa de encerrar o protesto, os policiais prenderam três indígenas por lesão corporal e danos ao patrimônio. Além disso, 12 policiais se feriram. Ainda conforme apurado no local, os manifestantes apedrejaram dez viaturas, que tiveram os vidros quebrados.
No local, três indígenas também ficaram feridos e precisaram de atendimento médico. Ainda no início desta tarde, um caminhão-pipa chegou à região, possivelmente para atender a população indígena que protesta por falta de água. A rodovia entre Itaporã e Dourados continua totalmente bloqueada.
Choque mandou reforço com mais 60 policiais para região
Informações obtidas pelo Jornal Midiamax são de que 60 policiais estão envolvidos na ação. Antes das 11 horas da manhã de quarta (27), três viaturas saíram do batalhão e outras duas devem sair para a área de conflito.
O Jornal Midiamax entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar para saber sobre a ação. Em nota, a Sejusp informou que todas as vias de negociação foram esgotadas. Confira a nota na íntegra:
“A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, esgotadas todas as vias de negociação, e para garantir os direitos constitucionais, agiu na manhã desta quarta-feira (27) para desobstruir as rodovias estaduais que estavam bloqueadas. Com apoio do Corpo de Bombeiros Militar e de equipes da Agesul, removeram entulhos e apagaram focos de incêndio nas pistas. As forças de segurança manterão efetivo para garantir a paz em todo território sul-mato-grossense. O governo estadual reforça seu compromisso com a transparência, refutando iniciativas político-eleitoreiras, e age em prol de um caminho de justiça e respeito. Em tempo, o governo de MS, por meio da SEC, se manteve em contínuo diálogo com todos os envolvidos em busca, sempre, de uma solução pacífica, e lamenta episódios de agressões e enfrentamentos.”
‘Só queremos água’
Pela manhã, indígenas reclamaram de conflito após três dias de ocupação na MS-156. Por isso, nesta quarta (27), o manifesto entrou no terceiro dia e até o momento segue sem solução.
“Podem até fazer o desbloqueio à força, mas não admitimos que entrem aqui na aldeia atirando contra os nossos parentes. Não estamos pedindo dinheiro e nenhum benefício próprio. Ao invés de água, mandam a polícia e nos dão tiros de borracha”, disse uma moradora da Aldeia Jaguapiru à reportagem do Jornal Midiamax, que acompanhou a chegada da tropa.
Fonte: Midiamax