Publicado em 16/05/2024 às 15:24,

Megatraficante de MS, que fugiu da PF em helicóptero, usava cocaína como 'permuta' para imóveis de luxo

Antônio Joaquim Mota, conhecido como Dom, era fornecedor principal de drogas para organização criminosa investigada por tráfico internacional. Ele usou os ilícitos para negocial chácara avaliada em R$ 11 mi e apartamento em R$ 6,5 mi.

Redação, g1
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Uma das quadrilhas alvo das Operações Sordidum e Prime, deflagradas pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (15), tinha como fornecedor o traficante Antônio Joaquim da Mota, também conhecido como "Motinha" ou "Dom". Conforme apurado pelo g1, o criminoso, que realizou uma fuga cinematográfica da polícia no ano passado, fez "permutas" com a organização criminosa: entregou tabletes de cocaína, em troca de chácara no Paraguai e apartamento de luxo em Santa Catarina.

Dom era o fornecedor oficial do grupo, responsável por contrabandear cocaína da Bolívia e Colômbia. Os pagamentos dentro do comércio ilegal eram "flexíveis": em certa ocasião, o megatraficante importou droga para os irmãos Martins, em troca de débitos em dívidas geradas pela compra de duas propriedades luxuosas.

A primeira delas é um apartamento luxuoso, que fica em um prédio de Joinville (SC). O imóvel foi avaliado U$ 1,2 milhões, aproximadamente R$ 6,5 milhões, e possui ampla estrutura, com quatro quartos, seis banheiros e três vagas de garagem.

O segundo foi uma chácara localizada na zona rural de Pedro Juan Caballero, Paraguai, avaliada em U$ 2,2 milhões - cerca de R$ 11 milhões. Parte desse valor foi abatido com o fornecimento de cargas ilícitas. Segundo fontes ligadas à reportagem, Dom reformou o local e colocou uma equipe armada para fazer segurança.

A quadrilha é investigada por tráfico internacional de drogas e armas, evasão de divisas, falsificação de documentos públicos, tortura e outros crimes. Houve ações da PF em MS e outros dez estados brasileiros. Ao todo, foram cumpridos 25 mandados de prisão preventiva e 11 mandados de prisão temporária.

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Ainda conforme apuração do g1, a quadrilha era comandada pelos irmãos Marcel Martins Silva e Valter Ulisses Martins Silva. O primeiro era o líder e responsável por chefiar a organização criminosa, já o segundo ficava sob encargo da organização logística, como o contato com fornecedores e operadores do dinheiro sujo.

Procurado pela Interpol

Dom segue foragido com, pelo menos, três mandados de prisão expedidos em seu nome. O megatraficante é conhecido por controlar uma equipe com caráter paramilitar, composta por mercenários estrangeiros. Alguns deles, inclusive, já teriam participado de conflitos internacionais, lutado na Guerra da Ucrânia, no conflito da Palestina e contra os piratas da Somália.

Em 2023, dois dias antes de uma ação da PF para prendê-lo, a informação sobre a operação vazou e chegou a Dom. Ele estava em uma propriedade rural que se estende pelos dois países, entre Ponta Porã, no Brasil, e Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Um dia antes da investida planejada pela polícia, um helicóptero pousou no lado paraguaio da fazenda e o traficante fugiu do local.

Antônio é a terceira geração de uma organização criminosa que já atuou no contrabando de café, de cigarros, de eletrônicos e que agora, se especializou no tráfico internacional de drogas, com grande influência no Paraguai e na região de fronteira com o Brasil.

O megatraficante brasileiro está na lista de Difusão Vermelha da Interpol.

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Operações Sordidum e Prime

Ao todo, foram cumpridos 64 mandados de busca e apreensão, 25 mandados de prisão preventiva e 11 mandados de prisão temporária, além do sequestro de 90 imóveis e o bloqueio de bens e valores de aproximadamente 80 pessoas e empresas envolvidas no esquema.

Segundo a Polícia Federal os mandados são cumpridos em Mato Grosso do Sul, Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraíba e São Paulo.

O grupo investigado remetia drogas a países da América Central. Em três anos o grupo fez o transporte de pelo menos seis toneladas de cocaína.

Para movimentação e ocultação dos valores e bens, o grupo utilizava doleiros atuantes na fronteira do Brasil com países vizinhos, além da criação de empresas de fachada, negócios dissimulados e pessoas interpostas. Ao todo, foram empenhados 273 policiais federais nas operações.

Fonte: g1