Publicado em 17/01/2024 às 12:05,
Ação é parte das medidas para retirar invasores que permanecem no território ou que voltaram depois das ações de 2023. Foram apreendidos armas, radiocomunicadores, munição e coletes à prova de bala.
A Polícia Federal (PF) apreendeu armas, radiocomunicadores, munição e coletes à prova de bala, e destruiu um acampamento de garimpeiros ilegais que voltaram para a Terra Yanomami. Novas operações começaram nesta terça-feira (16). Não houve prisões.
A ação ocorre num momento em que a emergência sanitária declarada pelo governo federal na região está prestes a completar um ano (leia mais ao final da reportagem).
De acordo com a PF, os agentes estão atrás de garimpeiros que permanecem na área mesmo depois das operações de 2023 ou que voltaram à maior reserva indígena do país neste período. O garimpo ilegal é uma das causas da crise de saúde na Terra Yanomami.
Além das ações por terra, agentes fizeram um sobrevoo para mapear locais de invasão dentro do território. Veja fotos da operação mais abaixo.
Esta operação é a primeira desde que o governo federal anunciou, no último dia 10, "ações permanentes" na Terra Yanomami. A ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara, informou que serão tomadas medidas para acompanhar a execução de ações e políticas públicas no território.
O presidente Lula (PT) chegou a fazer uma reunião com ministros no Palácio do Planalto na semana passada para avaliar as ações tomadas e definir novas medidas para os Yanomami. Ele disse que a situação dos indígenas é tratada como “questão de Estado”.
Medidas do governo federal
Ficou determinado que a presença das Forças Armadas e da Polícia Federal será permanente na região. A Casa Civil anunciou ainda investimentos de R$ 1,2 bilhão para "ações estruturantes" em 2024. O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, avaliou o momento da reunião e a visita como "emblemáticos".
"Enquanto os Yanomami estiverem em risco, o povo brasileiro inteiro está em perigo", disse o ministro.
Um dos primeiros passos da ação emergencial do governo foi o reforço na segurança e a repressão à atividade criminosa, com a fiscalização do espaço aéreo. A locomoção de garimpeiros na região se dá principalmente com uso de aeronaves.
Um ano depois das primeiras ações anunciadas pelo governo federal para a região em meio à crise na Terra Yanomami, pistas de pouso ilegais voltaram a operar. Os garimpos foram reativados e, com isso, voltou a ameaça à segurança.
Em janeiro de 2023, o governo Lula, recém-empossado, expôs a situação no território, decretou emergência de saúde pública e deflagrou uma série de operações para garantir assistência aos indígenas e conter o garimpo ilegal.
Na avaliação do Ministério Público Federal e de lideranças indígenas, a União conseguiu dar uma resposta de emergência, mas não avançou o suficiente, e o cenário devastador segue o mesmo um ano depois. Ainda há fome, malária, centenas de mortes e devastação com o garimpo.
Segundo o governo, em 2023 foi criado um centro de operações de emergências em saúde pública na região. Foram realizados mais 13 mil atendimentos de saúde e enviados 4,3 milhões de unidades de medicamentos e insumos.
O território é alvo há décadas do garimpo ilegal, mas a invasão se intensificou nos últimos anos. A atividade impacta diretamente o modo de vida dos povos originários. A invasão destrói o meio ambiente, causa violência, conflitos armados e poluição dos rios devido ao uso do mercúrio.
Fonte: g1