Publicado em 02/04/2024 às 14:12,

Desconfiança atrapalha e cidade reage para vacinar 55 mil contra a dengue em MS

Dourados, primeira a ter vacinação em massa no Brasil, prevê atingir quantidade com força-tarefa

Redação, Campo Grande News
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A um dia de completar três meses de vacinação em massa contra a dengue, Dourados registra apenas 45 mil imunizados com a primeira dose, aproximadamente. O número representa 30% da meta de 150 mil definida.

As aplicações da segunda dose começam amanhã (3) para as cerca de 600 pessoas que se imunizaram no dia de abertura. Enquanto isso, outros 105 mil moradores que têm entre 4 e 59 anos ainda são esperados para tomar a primeira. Dourados é pioneira na aplicação em massa do imunizante no Brasil.

Gerente do Núcleo de Imunização da cidade de Mato Grosso do Sul, Edvan Marcelo Marques credita a baixa procura às férias de janeiro, ao feriado prolongado de Carnaval e Semana Santa, além da desconfiança da população no imunizante.

"Isso vem desde a pandemia de covid-19, com as pessoas desconfiando de vacinas e toda uma polêmica", lembra.

Ele vê que a vacina contra a dengue, a Qdenga, também acaba sendo alvo dessa desconfiança, sob o pretexto de supostamente ser uma vacina recém-criada. "Mas isso não é verdade. É aplicada na Europa e está há seis anos no mercado", rebate. Além disso, tem aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), do Ministério da Saúde e passou por testes de segurança. 

Circulam até comentários de que a cidade é "cobaia" na vacinação, por ser a primeira no país a fazer parceria com a fabricante e ter doses liberadas para toda a população apta a se vacinar, comenta Edvan. Outros Estados aplicam doses somente em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, até o momento, por não haver doses suficientes e, então, serem priorizados como faixa etária com maior número de hospitalizações por dengue.

Força-tarefa - Com a ajuda da Secretaria Estadual de Saúde e o Corpo de Bombeiros, a prefeitura fará uma ação especial com duração de 15 a 20 dias, para atrair pelo menos mais 55 mil pessoas para se vacinarem nas unidades de saúde e locais fora delas. A expectativa é que ela comece entre os dias 8 e 10 deste mês.

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Serão chamados 50 vacinadores extras para isso, segundo Edvan, que já foram selecionados com apoio da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). Todos eles são douradenses, são profissionais de saúde que já atuam em outras áreas ou estão desempregados e farão o trabalho temporário.

O gerente de imunização também destaca que, embora o Ministério da Saúde tenha recomendado não vacinar contra a dengue fora dos postos de saúde após surgirem relatos de reações alérgicas em crianças e adolescentes, a Prefeitura de Dourados publicou resolução municipal permitindo a vacinação de pessoas de 18 a 59 anos em outros ambientes. Um deles é o shopping da cidade, onde uma viatura do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) fica sempre estacionada com socorristas. 

O secretário estadual de Saúde, Maurício Simões, confirmou que o governo irá apoiar a ação para Dourados chegar mais próximo da meta de vacinar 150 mil pessoas com a primeira dose.

"Estou triste porque em Dourados, onde temos vacina à disposição de toda a população elegível, ainda estamos com cobertura baixa. O Estado estará disponibilizando estrutura para ajudar o município a ampliar a cobertura", falou Simões. "Acionamos os bombeiros para dar assistência ao município. Estão em fase de planejamento das estratégias", acrescentou.

Reação leve - Edvan esclarece que a Qdenga não provocou qualquer reação moderada ou grave em Dourados ou em outro lugar no país, desde que a aplicação começou. Foram relatadas apenas respostas leves dos vacinados.

"Como é uma vacina viral, é algo já esperado. Algumas pessoas apresentaram um pequeno mal-estar e sintomas parecidos com a dengue, mas bem mais leves, a partir do 8º ou 10º dia depois de serem vacinadas. A gente entende que é o prazo esperado para haver alguma reação", explica.

Mortes - A dengue já provocou duas mortes em Dourados este ano. Uma de menino de 7 anos e outra de homem indígena de 33 anos, segundo divulga o último boletim epidemiológico publicado pela Secretaria Estadual de Saúde.

Em todo o Estado, de 1º de janeiro até 27 de março, foram confirmadas seis mortes. Fora as duas de Dourados, as demais foram de moradores de Maracaju, Chapadão do Sul, Laguna Caarapã e Coronel Sapucaia. 

Fonte: CAMPO GRANDE NEWS