Publicado em 17/11/2025 às 08:39,
Na madrugada deste domingo (16), o indígena Guarani Kaiowá Vicente Fernandes foi assassinado com um tiro na nuca durante um ataque de pistoleiros à comunidade Pyelito Kue, em Iguatemi (MS). Segundo relatos da comunidade, esta foi a terceira madrugada consecutiva de violência desde que os indígenas retomaram parte de seu território tradicional, área atualmente sobreposta pela Fazenda Cachoeira.
Os ataques envolveram incêndios, disparos de munição letal e de borracha, criando um cenário de extrema tensão que já deixou pelo menos quatro feridos.
Os confrontos se intensificaram no dia 4 de novembro, quando homens armados cercaram a área de retomada, incendiaram barracos e efetuaram disparos contra os indígenas. Vicente Fernandes é a primeira vítima fatal registrada neste conflito. A Fazenda Cachoeira, segundo informações, foi recentemente arrendada por duas empresas do setor de produção e exportação de carne. Aproximadamente 120 famílias da comunidade vivem na área de 97 hectares definida por um acordo judicial firmado em 2014, conforme divulgado pelo portal O Joio e o Trigo.
Demarcação e histórico de conflitos
A Fazenda Cachoeira é uma das 44 propriedades que incidem sobre a Terra Indígena Iguatemipeguá I, identificada e delimitada há mais de dez anos pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) como território tradicional do povo Guarani Kaiowá. A região tem sido marcada, ao longo dos últimos anos, por conflitos relacionados à demarcação de terras e às retomadas realizadas pelos povos originários.
Durante os ataques mais recentes, quatro pessoas foram atingidas por tiros e uma criança teve uma das mãos queimadas por um rojão. Ainda segundo O Joio e o Trigo, a comunidade registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Polícia Federal de Naviraí (MS), onde também foram entregues projéteis recolhidos no local.
A comunidade Guarani Kaiowá reforça o pedido para que o processo de demarcação seja concluído com urgência, a fim de garantir segurança e o direito à terra tradicional