O Itamaraty encarou a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, nesta quarta-feira (15), como um “primeiro passo” da comunidade internacional contra a escalada do conflito Israel-Hamas.
Na avaliação do Itamaraty, a linguagem usada no documento é pouco incisiva na condenação aos bombardeios na Faixa de Gaza e nos ataques que têm feito vítimas civis.
No entanto, segundo fontes da diplomacia brasileira ouvidas pela CNN, foi a resolução possível neste momento e tem o mérito de abrir potencialmente caminho para outros posicionamentos mais fortes do colegiado nas próximas semanas — a depender da evolução do conflito.
Lembra-se, por exemplo, o fato de que o Conselho de Segurança não aprovava uma resolução sobre Israel-Palestina desde 2017.
A percepção do Itamaraty é que o custo político de um eventual veto dos Estados Unidos aumentou demais nas últimas semanas. Entre os insatisfeitos com a postura do governo Joe Biden estão alas do Partido Democrata e segmentos da sociedade civil próximos do atual ocupante da Casa Branca.
Além disso, pesquisas recentes apontaram o crescimento das intenções de voto no republicano Donald Trump em 2024. Um desses estados, o Michigan, tem a maior população muçulmana dos Estados Unidos — embora minoritária — e deu vitória para Biden nas eleições de 2020.
Nos corredores da ONU, segundo relatos, diplomatas de países árabes pediram insistentemente que a Rússia — responsável pelo veto a outras propostas de resolução do Conselho de Segurança — não barrasse o texto mais uma vez.
Só que, para atender minimamente a todos e contornar eventuais vetos, a resolução teve uma linguagem muito pouco incisiva.
Um diplomata enfatiza que verbos como “apelar” ou “exortar” são usados — em vez de “exigir” — quando são citados pontos como pausas humanitárias, libertação de reféns capturados em Israel e preservação dos civis em Gaza. O Hamas não foi mencionado na resolução.