O prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro Barros Donato, 42, que também atua como influencer autoproclamado o ‘mais louco do Brasil’, terá que explicar à Justiça por que mora em casa e rodava pela cidade em carros de luxo que pertenciam a acusado por narcotráfico, preso em operação da Polícia Federal.
A Justiça agendou para o dia 9 de outubro audiência que deve contar com a participação de Juliano Ferro. Ele é réu na ação penal eleitoral de número 0600530-89.2024.6.12.0027, que investiga supostos crimes de falsidade ideológica eleitoral e ocultação de bens.
Juliano Ferro acabou citado nas investigações de narcotráfico e chegou a tentar ‘assustar’ policiais federais que atuavam disfarçados em Ivinhema. Pagando de ‘xerife’ da cidade, papel que adora ostentar nas…
Assim, acabou réu porque não declarou bens que seriam dele, mas que estão em nome de traficante. O caso pode resultar em pena de até cinco anos de prisão para o político. Em depoimento à PF, o prefeito sustentou ter declarado a casa em questão, avaliada, segundo ele, em R$ 750 mil.
No entanto, deixou de revelar à Justiça Eleitoral que era dono de duas caminhonetes (Silverado e Dodge Ram) e que já havia negociado uma delas. Somente a Silverado importada custaria mais de meio milhão.
Juliano Ferro alega que comprou o veículo de luxo no ‘fiado” e diz que resta pagar uns R$ 400 mil do veículo. No relatório policial, a explicação soa como indício de ocultação de bens ou lavagem de dinheiro.
‘Pagando de xerife’: prefeito abordou agentes federais disfarçados em Ivinhema
Juliano é um prefeito influencer, com cerca de um 1 milhão de seguidores. Nos perfis, ele já ganhou dinheiro com ‘rifas’ vendidas entre os seguidores e posta vídeos pensados para vender a imagem de ‘sincerão’, ‘destemido’, e ‘sensível’.
Quase sempre os mesmos perfis, entre servidores da prefeitura, fornecedores, amigos e cabos eleitorais comentam com mensagens de apoio. Ivinhema tem menos de 30 mil habitantes.
Nas postagens, relata a rotina de prefeito, comemora obras, ameaça adversários imaginários, manda recados a supostos adversários reais, quase sempre sem citar nomes, e faz dancinhas de calça justa e chapéu.
Numa dessas, por pouco, ele não ‘melou’ a Lepidosiren, operação da Polícia Federal, em agosto do ano passado, que pôs na cadeia o proprietário da casa e da caminhonete que foi preso por supostas ligações com o tráfico de drogas. Veja mais detalhes sobre esse episódio mais abaixo.
Segundo relatório policial ao qual a reportagem teve acesso, o prefeito daria a entender que na cidade que administra pela segunda vez ele chefia uma rede de espionagem que contaria com a ajuda de servidores públicos, incluindo policiais.
Os indícios vão desde abordagens e perseguições a pessoas ‘estranhas’ quando circulam em Ivinhema até rastros digitais de consultas a cadastros públicos da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) por servidores da segurança pública ou do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) levantando dados sobre placas de veículos ou pessoas supostamente por ordem do prefeito.
O clima de ‘cidade vigiada’ e a atitude atraiu a atenção de investigadores. “Pessoas vinculadas a esquemas criminosos se preocupam o tempo todo com sua segurança”, diz trecho de relatório da Polícia Federal ao qual o Jornal Midiamax teve acesso.
Juliano foi mantido réu nesta ação por não ter declarado parte de seus bens na hora de registrar a candidatura pela reeleição, em outubro do ano passado.



