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Advogado da família de fã que morreu em show da Taylor Swift diz que houve falha e omissão dos organizadores

João Paulo Sales Delmondes, disse que a família da jovem pretende entrar com ação judicial para reparação de danos. Ana Clara, de 23 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória durante o show.

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Após a divulgação do laudo que apontou a exaustão térmica causada pelo calor como a causa da morte de Ana Clara Benevides Machado, durante show da Taylor Swift no Rio de Janeiro, o advogado João Paulo Sales Delmondes, disse que a família da jovem pretende entrar com ação judicial para reparação de danos.

Segundo Delmondes, o resultado do laudo confirma que houve falha e omissão por parte dos organizadores em relação as necessidades dos fãs.

“O laudo acaba confirmando a falha da organização do evento, sobretudo, a sua omissão com todos os fãs, dificultando o acesso à água e a pontos de hidratação. Isso fez com que a Ana ficasse exposta ao calor extremo e, fatalmente, combinasse com a sua morte”, avaliou o advogado.

Delmondes disse ainda que, “em razão disso, a família da Ana Clara pretende aguardar a conclusão das investigações no âmbito do inquérito, para verificar qual será o desdobramento com a punição dos responsáveis na esfera criminal e mover as ações judiciais necessárias, objetivando uma reparação de um dano”.

Na ocasião em que Ana Clara morreu, a cidade do Rio enfrentava uma onda de calor extremo, com temperatura acima dos 40ºC.

O show aconteceu no dia 17 de novembro, no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, para um público de aproximadamente 60 mil pessoas. Ana Clara teve uma parada cardiorrespiratória. Ela chegou a ser levada ao hospital, mas não resistiu.

O perito concluiu que a jovem estava exposta ao calor difuso — ou seja, que havia calor extremo no ambiente —; que a exposição foi indireta; que a fonte do calor foi o sol; que a evolução clínica aponta exaustão térmica com quadro de choque cardiovascular e comprometimento grave dos pulmões, evoluindo para morte súbita.

O pai dela, disse na manhã desta quarta-feira (27) que nunca duvidou que causa da morte seria por exaustão térmica causada pelo calor.

Em nota, a T4F disse que Ana Clara foi "foi prontamente atendida por socorristas e encaminhada em ambulância UTI, acompanhada por médicos até o hospital para que pudesse receber atendimento." A organizadora informou ainda que, em 40 anos de atuação, a empresa nunca se envolveu em um "episódio trágico como o ocorrido no Engenhão, decorrente de fator climático” (veja a nota completa ao fim da reportagem).

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O documento diz ainda que a jovem morreu por hemorragia alveolar, ou seja, houve rompimento dos vasos sanguíneos que irrigam os pulmões, e congestão polivisceral, que significa a paralisação de vários órgãos por exposição difusa ao calor.

Fãs criticaram a organização do evento por impedir o acesso do público com garrafas d'água. A própria cantora chegou a pausar o show para pedir ajuda para os fãs após perceber que pessoas passavam mal na plateia.

Segundo a amiga Daniele Menin, a jovem desmaiou durante a música Cruel Summer, a segunda do repertório de Taylor.

"Na segunda música ela simplesmente desmaiou. Aí tiramos ela com ajuda dos seguranças e corremos pro postinho de apoio no estádio. Eles atenderam ela e encaminharam pra ambulância", lembra Daniele.

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Sem álcool e drogas

O caso foi registrado na 24ª DP (Piedade). Com o resultado do laudo, representantes da T4F - Time For Fun, organizadora do show, devem ser intimados a depor.

"Foram feitos quatro exames além desse laudo complementar. Então, num outro exame ficou determinado que a Ana Clara não ingeriu bebida alcóolica, não consumiu substâncias tóxicas e também não tinha doenças preexistentes", disse a delegada Juliana Almeida.

"O próximo passo do inquérito policial agora é realizar a oitiva dos organizadores do evento pra saber quais foram as medidas que eles tomaram no dia. Diante do que o laudo apontou e das demais diligências que a gente vai realizar, as oitivas, pode levar ao indiciamento por homicídio culposo", completou.

A família de Ana mora em Sonora (MS), mas ela vivia em Rondonópolis para estudar. A jovem cursava psicologia na Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) e concluiria a graduação neste ano.

Amigos de Ana afirmaram que a jovem era amava a cantora norte-americana e estava realizando um sonho ao viajar para assistir ao show da artista.

'Coração partido'

Após a morte, Taylor Swift divulgou uma nota nas redes sociais lamentando a morte da fã.

"Não acredito que estou escrevendo essas palavras, mas é com o coração partido que digo que perdemos uma fã hoje à noite", escreveu a cantora.

Taylor afirmou que estava arrasada pelo acontecido e que recebeu poucas informações sobre a morte da fã, "além do fato de que ela era incrivelmente linda e muito jovem".

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Relembre o caso:

 - Daniele Menin, amiga que acompanhava Ana Clara, relata que chegaram às 11h ao Engenhão, que estava muito calor e que tomaram água que elas mesmo levaram;

 - A amiga ainda disse ainda que, dentro do estádio, chegaram a receber água em temperatura ambiente que foi distribuída pela organização;

 - Daniela diz que Ana Clara desmaiou durante a 2ª música do show;

 - Em nota, a T4F (organizadora do evento) disse que Ana Clara foi "prontamente atendida pela equipe de brigadistas e paramédicos" e depois socorrida ao Hospital Salgado Filho;

 - A Secretaria Municipal de Saúde diz que Ana Clara chegou ao hospital às 20h50 com parada cardiorrespiratória.

 - Após a apresentação, Taylor escreveu que estava de "coração partido" com a morte da fã;

 - Antes, a cantora chegou a interromper o show para pedir ajuda para fãs que passaram mal e chegou a dizer: 'eles realmente precisam de água';

 - Fãs afirmaram que a organizadora da turnê proibiu garrafas de qualquer tipo no estádio e que a oferta de água era escassa dentro do Engenhão;

 - Com parte do Brasil sob uma onda de calor, o Rio de Janeiro teve temperatura máxima de 39,1°C no dia do show;

 - Em situações típicas de clima e para pessoas com condições normais de saúde, adultos não estão entre os mais vulneráveis aos riscos da desidratação, que é mais preocupantes para crianças e idosos;

 - O ministro da Justiça, Flávio Dino, decidiu editar portaria que libera a entrada com garrafas d'água em espetáculos, e "ilhas de hidratação" devem ser oferecidas quando houver alta exposição ao calor;

 - O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) também acompanha o caso;

 - O Corpo de Bombeiros diz que "ocorrências médicas ficaram a cargo da produção do evento" e que a T4F cumpriu todas as exigências relacionadas às condições de segurança contra incêndio e pânico.

 - O CEO da T4F - Time For Fun pediu desculpas sobre o ocorrido e falou sobre novas práticas e aprendizado com a fatalidade.

Nota da T4F

“A T4F seguiu todas as melhores práticas de organização de eventos, incluindo todas as exigências das autoridades, distribuiu milhares de copos de água e permitiu a entrada com copos de água descartáveis sem qualquer limitação de quantidade no dia do show. A empresa reitera, como tem feito desde o ocorrido, que lamenta profundamente a perda de Ana Clara. Ela foi prontamente atendida por socorristas e encaminhada em ambulância UTI, acompanhada por médicos até o hospital para que pudesse receber atendimento. A empresa segue prestando todas as informações solicitadas pelos órgãos públicos e colabora com as autoridades na investigação em curso. Em mais de 40 anos de atuação, a empresa nunca havia registrado um episódio trágico como o ocorrido no Engenhão, decorrente de fator climático”.

Fonte g1

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