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Renato Cariani diz que “substância puríssima” em investigação da PF é comercializada com indústria química

Influencer procurou responder reportagens sobre a investigação contra a empresa que ele é sócio; segundo Cariani, produto serve para fabricar soro fisiológico

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Divulgação

O influencer fitness Renato Cariani, 47 anos, divulgou um vídeo na tarde desta quinta-feira (14) no YouTube em que diz que a “substância puríssima” que ele ofereceu a um falso representante da empresa AstraZeneca se trata de cloreto de sódio para utilização em indústria farmacéutica, que seria para fabricar soro fisiológico.

No vídeo, Cariani procura responder questões apuradas em reportagens sobre a investigação da Polícia Federal contra a empresa que ele é sócio, Anidrol Produtos para Laboratórios LTDA, que é apontada como entreposto para o desvio de substâncias químicas que abastece o tráfico de drogas.

A CNN publicou uma reportagem baseada em documentos sobre uma investigação feita pela PF que mostrou que a empresa de Cariani vendeu produtos químicos com um falso representante da empresa AstraZeneca e recebeu depósitos em dinheiro como pagamento.

No vídeo desta quinta-feira, Cariani não explicou o motivo de ter negociado com um falso representante da empresa.

À época da apuração, a farmacêutica procurou a Polícia Federal para comunicar possíveis fraudes relacionadas a notas fiscais emitidas indevidamente em nome da farmacêutica.

Na sequência, a PF instaurou um inquérito, teve acesso aos e-mails da empresa de Cariani e aos extratos bancários, que mostram diversas transações, que incluem a venda de cloreto de sódio, cloridrato de lidocaína e cloridrato de fenacetina.

No relatório de investigação, a PF concluiu que houve “falsificação de dados de empresa nacional para a compra fraudulenta de insumos utilizados para a fabricação de drogas”, diz o documento.

Na resposta do influencer sobre a reportagem, ele faz uma diferenciação entre cloreto de sódio usado na alimentação e a substância usada para finalidades farmacêuticas. “Na indústria alimentícia, o cloreto de sódio é sal. Na indústria farmacêutica ela é matéria prima para fabricação de soro fisiológico”, diz.

FOTOS – Veja imagens da operação da PF

Cariani também explica o termo puríssimo e diz que como o produto é usado em soro fisiológico, não pode ter aditivos. “O termo usado para diferenciar o cloreto de sódio convencional para o cloreto de sódio mais puro, é termo o puríssimo, porque o puro é o que não tem nenhum tipo de acréscimo de substância”, finaliza.

A operação

A Operação Hinsberg cumpriu 18 mandados de busca e apreensão. Segundo a PF, a quadrilha emitia notas fiscais fraudulentas de empresas devidamente licenciadas para vender produtos químicos em São Paulo. O pagamento era feito em espécie por meio de “laranjas”. Os criminosos se passavam por funcionários de multinacionais.

A PF calcula que foram desviadas cerca de 12 toneladas de componentes químicos, como fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila. Com este material, seria possível fabricar 12 toneladas de crack e cocaína prontos para consumo.

Quem é Renato Cariani

Professor de química, professor de Educação Física, atleta profissional, empresário e youtuber. É assim que Renato Cariani, influenciador com mais de 14 milhões de seguidores, se denomina nas redes sociais. Renato foi alvo da Operação Hinsberg.

Renato é um dos maiores influenciadores do segmento fitness nas redes sociais. No Instagram, ele tem 7,3 milhões de seguidores. Seu canal no YouTube conta com 6,3 milhões de inscritos e sua conta no Tik Tok tem mais de 1 milhão de pessoas.

Nas redes sociais, Renato mostra ser influente também com as celebridades. Sua conta no Instagram conta com fotos com apresentadores de TV, cantores, modelos e outros influenciadores. Em seu site, o influenciador vende cursos e treinamentos que envolvem desde orientação na área de nutrição até mentoria em investimentos financeiros. Os planos partem de 49,90 por mês.

Recentemente, o youtuber inaugurou uma loja com produtos que levam seu nome em um shopping na zona sul de São Paulo.

Pedido de prisão negado

Cariani teve pedido de prisão negado pela Justiça. De acordo com o delegado Victor Vivaldi, o Ministério Público concordou com os pedidos feitos pela PF, mas a Justiça rejeitou, acatando apenas aos 18 pedidos de busca e apreensão cumpridos em São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

“Os pedidos de prisão tiveram como fundamento a reiteração delitiva, justamente nesse período de 6 anos, com 60 eventos confirmados de notas emitidas de forma fraudulenta”, explica Vivaldi.

O que diz a PF

“Foram identificadas 60 transações dissimuladas vinculadas à atuação desta organização criminosa, totalizando, aproximadamente, 12 toneladas de produtos químicos (fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila), o que corresponde à mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para consumo”, diz a PF.

Fonte: CNN

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